quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Os riscos do riso

João Vianney Cavalcanti Nuto


"Concedo que esta comida venha a ser de certo modo cara e, portanto, estará muito adequada aos senhorios - e dado que estes já devoraram a maior parte dos pais, poderão ter direito de preferência sobre os filhos." (Jonathan Swift)

Em 1729, um panfleto anônimo - cuja autoria, se verificou mais tarde, ser de Jonathan Swift - causou indignação em muitos leitores do Reino Unido. A "Modesta proposta para evitar que as crianças da Irlanda sejam um fardo para seu país e seus pais" sugeria o consumo alimentar de crianças como excelente solução para o estado de miséria de grande parte da população irlandesa.

Muitos leitores ingênuos não perceberam o caratér paródico do texto, que satirizava a dominação inglesa na Irlanda. Para isto, seria necessária a capacidade de captar o sentido alegórico do grotesco, como também, o caráter bivocal - segundo Bakhtin - da paródia, seu diálogo irônico com o estilo científico.

Rir nem sempre é fácil, pois há formas de riso que apelam para uma capacidade de interpretação mais sofisticada. É o caso do riso sutil da ironia.

Esse problema será abordado no seminário Risíveis Rumores, do Grupo de Pesquisa Literatura e Cultura, da UnB, conforme os títulos abaixo:

"A leitura da ironia, os risco do riso", de Patrícia Trindade Nakagome;

"Ironia e comicidade no conto 'O segredo de Bonzo'", de Machado de Assis, de Isabel Cristina Corgosinho;

"Aspectos epistemológicos da sátira e da paródia", de Janara Laíza de Almeida Soares;

"O humor como estratégia de linguagem em Os filhos da meia-noite, de Salman Rushdie. No almoço, serão servidas crianças guisadas.

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