sexta-feira, 23 de junho de 2017

Vendaval

Maria Aline de Andrade Correia

Lady Hamilton como uma bacante, esmalte por Henry Bone (1755-1834, United Kingdom)

Ah, por obséquio, tranquilize-se
Só quero que fique assim, boiando em nuvens,
Passá-lo em grades, esfumaçar tua hipocrisia,
Arrastar até o sangue expelir dos teus seios,
Parvonear tua massa cinzenta com estrelas estalantes
Capaz de estrebucharem a couraça do peito de um passarinho torto (sim, você é torto)
Eu não seria capaz.

Admito que não alcanço nenhum degrau invejável por esforço,
Sou apenas aquela embebida na vida com limitações aquantes
Estar plena de céu decantou as margens e matou a todos.
Aqueles siricuticos pequeninos que me deixastes não adormeceram na estante
Eles resolveram crescer cantantes, esbaforidos e teimosos como você
Ainda assim nenhuma sequela da fatídica manhã tem posto aqui o pé como                      recomendado

À deusa agradeço! Seria admissível dor de um peito ofegante?
Olhe aqui: fuligem do teu cigarro...
Esgar escarlate de um coração intenso não plaina mais nessa casa
Musgos de andorinhas trejeitas resvalam a limpeza de outro pouso
Paz aqui? Você me indagaria
Mas apenas como mímica para um sentimento tão sagaz, mudo

E mais uma afronta aqui me apresento
Por favor, estou desnuda
Em mantos de acolhida corriqueira, ou afagos de base,
Sentimentos tão declarados e tão inconstantes
Miram um rumo em frente para o indeciso narciso.

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